2023
Conheça os
indicados
Categoria 1 - Personalidade de destaque na luta por Democracia, Cidadania e Direitos Humanos
Adriana Dias (IN MEMORIAM)
– (1970-2023), brasileira antropóloga, feminista, antifascista e militante pelos direitos de pessoas com deficiência e doenças raras, faleceu em 29 de janeiro deste ano. Por causa de seu trabalho, Dias foi apelidada de caçadora de nazistas.
Formou-se em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, com mestrado em 2007 e doutorado em 2018 em Antropologia pela mesma instituição. Desde sua graduação, Dias se especializou no estudo do neonazismo no Brasil. Seu trabalho discorre sobre a organização desses grupos em ambientes virtuais. Em sua metodologia, sempre que encontrava um site neonazista, ela o imprimia fisicamente e o denunciava até que ele fosse derrubado. Dias identificou até 2021, 530 células neonazistas em atividade no país. Uma de suas descobertas foi uma carta de 2004 assinada pelo então deputado Jair Bolsonaro divulgada em um site neonazista. Nela o político escreveu: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato”.
Adriana era portadora de osteogênese imperfeita (doença rara conhecida como “ossos de vidro”) e ficou conhecida por seu ativismo pelos direitos das pessoas com deficiência e doenças raras. Foi a criadora do Instituto Baresi, fórum nacional associando pessoas com doenças raras, deficiências e outros grupos de minorias. Coordenou o Comitê “Deficiencia e Acessibilidade” da Associação Brasileira de Antropologia. Na política, integrou a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência, foi parte da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19, participou da equipe de transição do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022, participou de audiências da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Campinas que investigava crimes nazifascistas, e teve atuação importante na criação do Projeto de Lei que instituiu o Dia Nacional de Doenças Raras. Também ficou conhecida por ter denunciado o médico abusador Roger Abdelmassih.
Adriana morreu aos 52 anos em 29 de janeiro de 2023, de câncer cerebral.
Pe. Julio Lancelotti
O padre ficou conhecido ao atuar com assistência social a pessoas em situação de rua. Júlio iniciou sua educação formal no Educandário Espírito Santo, mantido pelas Missionárias Servas do Espírito Santo, no Tatuapé, na capital paulista. Aos doze anos, entrou para o seminário em Araraquara, interior do estado. Incomodado com a rigidez da instituição, retornou para São Paulo, e terminou o ginásio. Decidiu mais uma vez se preparar para a carreira religiosa, chegou a ser frade, mas, aos 19 anos, largou a batina novamente. Fez curso de auxiliar de enfermagem na Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista, Pedagogia e especialização em Orientação Educacional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e ministrou aulas nas faculdades Oswaldo Cruz, Castro Alves, Piratininga e no Instituto Nossa Senhora Auxiliadora. Pe. Júlio também trabalhou no Serviço Social de Menores de São Paulo, que, mais tarde, se transformou na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Também atuou no Centro de Apoio ao Imigrante, no Brás, dando aulas para crianças com dificuldade de aprendizado.
Em 1980, conheceu Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida com quem atuou para organizar a Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. Em abril de 1985, começou a estudar Teologia e foi ordenado sacerdote. Em 1986, na Paróquia São Miguel Arcanjo da Mooca, iniciou um trabalho pastoral com moradores em situação de rua e menores abandonados, participando de campanhas contra maus tratos na Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM), resultando em manifesto contra a política do “cassetete pedagógico”. Foi um dos fundadores da Comunidade Povo da Rua São Martinho de Lima, um abrigo para moradores de rua; da “Casa Vida I” e, posteriormente, a “Casa Vida II”, para acolher crianças portadoras do vírus HIV. Como vigário episcopal do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, está à frente de vários projetos municipais de atendimento à população carente, como o programa “A Gente na Rua”, formado por agentes comunitários de saúde, ex-moradores de rua.
Kenarick Boujikian
nascida numa aldeia de armênios na Síria, chegou ao Brasil com os pais, aos 3 anos de idade. Formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1984. Foi voluntária no presídio do Carandiru. Juíza do Tribunal de Justiça de São Paulo, tornou-se conhecida pela sua militância na defesa dos Direitos Humanos. Foi co-fundadora e presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD). Integrou o grupo de trabalho e estudos Mulheres Encarceradas. A juíza Kenarik é conselheira do Fundo Brasil de Direitos Humanos. Em 2010, condenou o médico Roger Abdelmassih a 278 anos de prisão, por 56 estupros. Foi promovida ao cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado de São e punida pelo próprio TJSP por libertar presos preventivos que já estavam cumprindo pena além do que estava estipulado em suas sentenças. Foi absolvida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2017 e em 2019, o Tribunal de Justiça de São Paulo anunciou sua aposentadoria. Kenarik Boujikian sempre esteve presente nas lutas da Frente Brasil Popular e pela liberdade do presidente Lula.
Categoria 2 - Personalidade de destaque na luta por Democracia e Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Avelino Ganzer
Trabalhador rural, em 1971 foi do Rio Grande do Sul à Transamazônica em busca de terra para trabalhar. Por lá, ajudou a organizar os trabalhadores rurais, principalmente em seus sindicatos, para enfrentar a ditadura militar. Junto com as pastorais da igreja católica, atuou no Pará na organização dos trabalhadores rurais, assumindo a direção do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém. O sindicato participou da primeira Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) realizada no município de Praia Grande, litoral de São Paulo, em 1981, encontro que criou a Comissão Pró-CUT. Ganzer participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores, em 1983, sendo o primeiro vice-presidente da entidade.
Construiu o DNTR – Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da CUT nos anos 1990 e participou intensamente do processo que levou à participação do DNTR na Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG). Até os dias de hoje é militante das causas rurais.
Cida Gonçalves
Atual ministra das Mulheres do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Cida tem rica atuação na militância dos direitos das mulheres. Ela coordenou o processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil (CMP) e foi assessora da Coordenadoria à Mulher da Secretaria de Assistência Social, Cidadania e Trabalho do Mato Grosso do Sul em uma das gestões de Zeca do PT, no início dos anos 2000. Também participou dos governos Lula e Dilma (2003-2016), como secretária nacional da Violência Contra Mulher.
Cida é feminista, ativista, publicitária, consultora em políticas públicas de gênero e violência contra a mulher. Em dezembro de 2022, foi anunciada como a ministra das Mulheres do terceiro governo Lula. Durante sua gestão, em julho de 2023, foi sancionada a Lei nº 1.085/2023, que assegura igualdade salarial entre mulheres e homens.
Leonardo Sakamoto
Premiado jornalista, diretor da Repórter Brasil, Sakamoto, em 2016, foi indicado ao prêmio Repórteres sem Fronteiras pela Liberdade de Imprensa, por conta de sua cobertura diária das violações aos direitos humanos e das ameaças e agressões que sofreu em decorrência de seu trabalho. Por conta de sua atuação como jornalista na área de direitos humanos e de ativista no combate ao trabalho escravo contemporâneo, Leonardo Sakamoto tem sido vítima de ameaças de morte e agressões.
Categoria 3 - Personalidade de destaque na luta por Democracia e Justiça pelos Povos Originários, das Águas e das Florestas
Mãe Bernadete (IN MEMORIAN)
Ialorixá, ativista e líder quilombola, da Coordenação Nacional de Articulação Quilombola e líder do Quilombo Pitanga em Simões Filho, foi assassinada em 17 de agosto de 2023.
Davi Kopenawa
Xamã e importante líder político Yanomami, Davi, atualmente, é presidente da Hutukara Associação Yanomami, uma entidade indígena de ajuda mútua e etnodesenvolvimento. É autor do Livro “A queda do céu”.
Txai Suruí
Líder indígena ativista brasileira da etnia Suruí, é coordenadora do Movimento da Juventude Indígena e trabalha na organização não governamental de defesa dos direitos indígenas Kanindé. Além disso, é embaixadora da Z1, um aplicativo com função de conta digital para adolescentes.
Categoria 4 - Personalidade de destaque na luta por Democratização da Comunicação, Imprensa Livre e combate às Fake News
Leandro Demori
Jornalista e escritor especializado em jornalismo investigativo com ênfase em sistemas mafiosos, Demori foi editor-executivo do site The Intercept Brasil, de 2017 a 2022.
Em junho de 2019, liderou a cobertura do caso que ficou conhecido como Vaza Jato, o vazamento de conversas travadas no aplicativo Telegram entre o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor Deltan Dallagnol, além de outros integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Maria Bopp
Atriz e roteirista, em 2020 produziu e publicou um vídeo que ganhou as redes sociais. Nele, a pretexto de fazer um tutorial de maquiagem, Maria Bopp fez uma ácida crítica ao Governo Bolsonaro, à Operação Lava Jato (recebendo o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff no Twitter) e a medidas autoritárias e machistas constantes em nossa sociedade. Passou a ser conhecida também pelo nome que adotou neste vídeo de “Blogueirinha do Fim do Mundo”.
Sérgio Amadeu da Silveira
Sociólogo brasileiro, graduado em Ciências Sociais e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, é professor adjunto da Universidade Federal do ABC (UFABC). Amadeu, geralmente é lembrado como defensor e divulgador do Software Livre e da Inclusão Digital no Brasil. Foi um dos implementadores dos Telecentros na América Latina e presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação da Casa Civil da Presidência da República.
Foi presidente da União Brasileia dos Estudantes Secundaristas (UBES) em 1981. Sua carreira nas áreas de Inclusão Digital e Software Livre começou no Instituto Florestan Fernandes, ao participar da criação do Projeto Sampa.org de telecentros comunitários.
Sua obra mais recente é Colonialismo de Dados: como opera a trincheira algorítmica na guerra neoliberal.
Categoria 5 - Entidade de Destaque na luta por Democracia e Liberdade no Brasil e no Mundo
Marcha Mundial das Mulheres - MMM
É um movimento feminista internacional, que se iniciou em 2000, com a finalidade de realizar uma campanha mundial contra a pobreza e a violência contra as mulheres. Em 2000, após a adesão de seis mil grupos de 159 países e territórios ao movimento, foi entregue à ONU, em Nova Iorque, um documento com 17 pontos de reivindicação, assinado por mais de cinco milhões de pessoas apoiando as reivindicações das mulheres.
A Marcha Mundial das Mulheres no Brasil se fortaleceu no 1º Fórum Social Mundial, quando foi elaborada o documento: “Carta das Mulheres Brasileiras” que exigia terra, trabalho, direitos sociais, autodeterminação das mulheres e soberania do país. A atuação da MMM no Brasil se dá também em apoio da Marcha das Margaridas, voltada a luta da mulher no campo.
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra - MST
é um movimento de ativismo político e social brasileiro cuja origem, em 1984, se deu pela oposição ao modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, que desde os anos de 1970 priorizava a colonização de terras públicas sem destinação. O modelo militar de reforma era “exportação de excedentes populacionais”, ou seja, remover povos nativos da região, além de ‘integração estratégica’. Contrário a esse modelo, o MST busca até hoje, fundamentalmente, a redistribuição das terras improdutivas.
O movimento tem cerca de 450 mil famílias assentadas e 90 mil acampadas, organizadas em 24 estados. O desafio é estabelecer novas relações de produção, o que levou à uma concepção de um modelo de produção baseada na cooperação agrícola. Há 10 anos o MST lidera a maior produção de arroz orgânico da América Latina.
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto - MTST
É um movimento de caráter social, político e popular fundado em 1997 que luta pelo direito à moradia, pela reforma urbana e pela diminuição da desigualdade social. Surgiu em decorrência das dificuldades encontradas com a falta de moradia adequada nas periferias dos grandes centros urbanos. Sua forma de atuação principal é a ação direta através da ocupação de bens imóveis que não atendem à sua função social, tendo também consolidado seu protagonismo entre os movimentos sociais em manifestações e protestos por direitos. Atualmente o movimento organiza 55 mil famílias em 14 estados do Brasil.
Categoria 6 - Entidade de destaque na luta por Democratização da Comunicação, Imprensa Livre e combate às Fake News
GGN
O Grupo Gente Nova é um veículo de jornalismo independente que publica diariamente notícias, reportagens especiais, artigos de opinião, crônicas e conteúdos colaborativos. Fundado em 2013 pelo jornalista Luis Nassif, o GGN aposta na pluralidade de ideias e no aprofundamento das pautas de interesse nacional, em contraponto às publicações da mídia comercial. A sigla GGN é uma referência a um movimento de jovens secundaristas integrado por Luís Nassif nos anos 1960, que propunha discutir problemas e organizar ações sociais. Além do site, o GGN produz conteúdo jornalístico no Youtube.
Revista Fórum
É uma revista brasileira publicada lançada em 2001 que traz uma visão de mundo diferente da presente nos grandes meios de comunicação tradicionais. Circulou em versão impresa por 12 anos, até dezembro de 2013. Atualmente, a Revista Fórum é apenas digital. Seu portal é uma mídia independente brasileira e a edição semanal digital da revista é publicada a cada sexta-feira. Inspirada no Fórum Social Mundial, o foco autodeclarado da revista é a divulgação dos acontecimentos mais recentes dos movimentos sociais no país. A Fórum também realiza transmissões por meio do seu canal no YouTube.
TVT
A TV dos Trabalhadores é uma emissora de televisão sediada em São Bernardo do Campo. É controlada pela Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, mantida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Surgiu com o objetivo de registrar e documentar em vídeo a história e atividades do sindicato.
A TV dos Trabalhadores foi inaugurada oficialmente em 23 de agosto de 2010, contando com a presença do então presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva em sua cerimônia de inauguração.